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ANTIGA FREGUESIA DE CARCAVELOS

O concelho de Cascais, cujos limites foram definidos por carta régia de 8 de maio de 1370, aquando da sua entrega, como feudo, a Gomes Lourenço do Avelar, englobava, também, pelo facto de avançar até à «Ribeira de Oeiras», uma pequena parte do reguengo com este nome, que terminava na foz do Tejo e acabaria por adquirir individualidade própria, transformando-se, mesmo, numa circunscrição de regime equiparável ao dos verdadeiros municípios.

Por alvará de 11 de agosto de 1759, o «reguengo a par de Oeiras», que veio, depois, a ser também conhecido por vila de Bucicos, seria associado a outras áreas do território do concelho de Cascais, para a formação da vila de Carcavelos, não obstante se manter sob a alçada da donatária de Cascais. Recuaram, então, até à «Ribeira de Carcavelos» os confins da extremidade oriental do concelho, que assim perdeu, com as povoações do Arneiro, Carcavelos, Rebelva, S. Domingos de Rana e Sassoeiros, a Torre da Aguilha e restantes lugares entre a mesma ribeira e a foz do Tejo.

O projeto foi decerto gizado por Sebastião José de Carvalho e Melo, já então Conde de Oeiras e grande proprietário na vila de Bucicos, a quem interessava libertar a região do jugo alheio, sobretudo no tocante à cobrança dos tributos, tanto mais que havia alcançado, por carta régia de 13 de julho de 1759, a elevação de Oeiras à categoria de vila. Na sequência da morte da última donatária de Cascais e Carcavelos, D. Ana José Maria da Graça de Meneses e Castro, em 7 de setembro de 1762, a Coroa apoderar-se-ia das duas vilas, aproveitando a oportunidade para extinguir, por alvará de 9 de abril de 1764, a de Carcavelos e anexar o seu território ao de Oeiras.

Já por decreto de 26 de setembro de 1895, aquando da extinção do concelho de Oeiras, Cascais passou, também, a agregar as freguesias de Carcavelos, Carnaxide, Oeiras e S. Julião da Barra. Todavia, em 13 de janeiro de 1898, aquando da restauração do concelho de Oeiras, a freguesia de Carcavelos manter-se-ia agregada a Cascais.

A vinha e o vinho de Carcavelos marcaram, de forma vincada, a vivência da região ao longo dos séculos, ainda que a produção tenha sido fortemente afetada pelo oídio, que, detetado em Portugal ainda em 1852, produziu avultados estragos nos seis anos seguintes. Procedeu-se, desde então, à replantação com videiras americanas, que o míldio não pouparia, ainda assim, em 1893. Por Carta de Lei de 18 de setembro de 1908 o vinho de Carcavelos passou, mesmo, a dispor de Região Demarcada e, apesar de a área de vinha regredir de forma evidente ao longo do século XX, com o alargamento da área urbana da freguesia, ainda hoje persiste enquanto marca identitária da região.

ANTIGA FREGUESIA DA PAREDE

Em meados do século XIX, a Parede, que, então, integrava a freguesia de S. Domingos de Rana, já constituía um importante núcleo populacional associado à extração e preparação de pedra, onde subsistiam, também, uma pequena comunidade piscatória e alguns agricultores. Ainda que, no princípio do século passado se anotasse que o seu território se caracterizava por «retângulos de terreno […] circundados de muros de pedra solta [que] eram vinhas que produziam o bom vinho de Carcavelos, e que a filoxera destruiu por completo», a localidade assistiria, a partir de 1890, ao nascimento de um novo bairro, entre o caminho-de-ferro e o oceano, por iniciativa de José Nunes da Mata, que, nesse ano, a visitou pela primeira vez e veio, depois, a assumir-se como o seu principal divulgador.

O Sanatório de Sant’Ana, nascido da vontade de Amélia e Frederico Biester em honrar a memória de sua irmã e cunhada, vítima de tuberculose, cedo se transformou no ex libris da região. A primeira pedra foi lançada em 1901, procedendo-se, três anos depois, à inauguração das três secções concluídas, não obstante o edifício só ser definitivamente terminado em 1912. Desde então, a Parede afirmou-se enquanto área privilegiada para a cura e profilaxia de várias doenças, em função da praia e do sol. Mercê da divulgação das razões da fixação deste e de outros sanatórios na localidade, o número de visitantes aumentou de forma extraordinária, transformando-se os tabuleiros – macas montadas sobre carrinhos de quatro rodas com volante – num dos seus ícones.

HERÁLDICA FREGUESIA DE CARCAVELOS

HERÁLDICA FREGUESIA DA PAREDE

Selo circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes.

Quando destinada a cortejo e outras cerimónias, a Bandeira é de seda bordada devendo medir um metro por lado, não incluindo o espaço para as persilhas em que entra a haste. Quando é para arvorar é de filete e terá as dimensões julgadas necessárias (dois panos ou mais).

O Azul indicado para o campo das armas é o esmalte que em heráldica significa o Ar e o Céu, o firmamento. Pela sua pureza, esta cor significa zelo que é rectidão afincada num dever, significa lealdade que é zelo para com uma pessoa e simboliza caridade porque o Azul dá uma sensação de bem estar espiritual, através da serenidade dos seus tons, que lembra o bem estar interior nascido da prática de um bom acto.

O Ouro é o metal que naturalmente indica Sol, representa a luz que ilumina as almas e as inteligências e significa os dons mais altos do espírito: a Fé, a Pureza, a Fortaleza e a Constância. Tudo isto sugere os reflexos esplendorosos do Ouro, o mais precioso dos metais, excelso padrão de riqueza.

A Prata indicada para a vigia e parede antiga é o metal que na heráldica denota humildade e simboliza a paz e o descanso. O negro indicado para os rochedos representa a terra e significa firmeza e honestidade, qualidades que através dos séculos sempre têm distinguido os seus naturais. E assim, com esta constituição, ficam respeitadas e bem simbolizadas as armas, a história, a vida e a índole dos naturais de Parede”.

António de Sousa Lara e Benjamim Pinto Dinis, “Projecto de Heráldica Autárquica” Sep. do Arquivo de Cascais nº4, Boletim Cultural do Município, Câmara Municipal de Cascais, Cascais, 1982, pp 20-21.